quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

Súplica

Agora que o silêncio é um mar sem ondas,
E que nele posso navegar sem rumo,
Não respondas as urgentes perguntas que te fiz.
Deixa-me ser feliz assim, já tão longe de ti como de mim.

Perde-se a vida a desejá-la tanto.
Só soubemos sofrer, enquanto o nosso amor durou.
Mas o tempo passou, há calmaria...
Não perturbes a paz que me foi dada.
Ouvir de novo a tua voz seria matar a sede com água salgada.


Miguel Torga


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