A saudade é esse passarinho que vem de leve e
pousa no nosso coração trazendo lembranças, como um colibri que beija a flor e
traz beleza. E ela nem escolhe hora ou lugar, só aparece assim, invadindo
inteiramente esse espaço que consideramos reservado às pessoas ou ocasiões
especiais.
Mas se existe saudade, é porque existem
sementinhas de ternura plantadas em nós; pedacinhos de coisas boas, que talvez
nem tenham ficado muito tempo, mas o suficiente para deixar um rastro, um
sabor, uma marca, um perfume.
Que nome dar então a essa falta, esse vazio
nostálgico, dolorido e bom que invade a alma e toma conta do momento? Essa
viagem que fazemos sem malas e documentos e que nos leva e nos trás, cheios de
amor e de não sei o quê?
A saudade é uma prova, um certificado,
carimbado e assinado embaixo de que não estamos inteiramente sós e nem vazios.
As pessoas vêm e vão e ficam assim se prolongando em nós, existindo pela
eternidade do nosso caminho.
E amanhã ou depois, quando tudo o que sobrar
em nós forem pedaços do passado, teremos esse coração rico em histórias que nos
farão rir sozinhos e nos sentir vivos.
São essas as peças que os verdadeiros amigos
pregam ao nosso coração. Caímos nessa armadilha e ainda nos divertimos.
Aprendemos assim que sentir saudade é
respirar o amor que plantaram em nós. É viver depois repletos desse amor para a
vida toda.
Texto: Letícia Thompson
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