A
construção das pirâmides exigiu conhecimentos avançados de matemática e muitas
pedras. Das cem pirâmides conhecidas no Egito, a maior e mais famosa é a de
Quéops, única das sete maravilhas antigas que resiste ao tempo.
Datada
de 2 550 a.C. ela foi a cereja do bolo de uma geração de faraós com aspirações
arquitetônicas. Khufu (ou Quéops, seu nome em grego), que encomendou a grande
pirâmide, era filho de Snefru, que já tinha feito sua piramidezinha.
O
conhecimento passou de geração em geração, e Quéfren, filho de Quéops, e
Miquerinos, o neto, completaram o trio das pirâmides de Gizé. Para botar de pé
os monumentos, que nada mais eram que tumbas luxuosas para os faraós, estima-se
que 30 mil egípcios trabalharam durante 20 anos.
"Esses
trabalhadores eram trocados a cada três meses. A maioria trabalhava no corte e
transporte dos blocos", diz Antonio Brancaglion Júnior, egiptólogo do
Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Além do pessoal
que pegava pesado, havia arquitetos, médicos, padeiros e cervejeiros.
Pedra sobre pedraCerca
de 2,3 milhões de blocos ajudaram a botar de pé a pirâmide de Quéops
As
pedras foram o começo de tudo - cada bloco pesava em média 2,5 toneladas, mas
isso variava: o tamanho diminuía de acordo com a altura, e em lugares
específicos, como a câmara do rei, havia pedras gigantes, estimadas em até 80
toneladas. Depois de cortados nas pedreiras, os blocos eram lixados e
catalogados: escrevia-se o nome do faraó e o do grupo de trabalhadores
responsáveis. No total, 2,3 milhões de blocos teriam sido usados na construção
da pirâmide de Quéops.
Para
erguer as pirâmides, o terreno foi aplainado. Além de deixar a terra pronta
para o trabalho, o processo rendeu uma fonte natural de matéria-prima: o platô
era rico em rochas calcárias, um tipo de pedra mais mole, extraída com
ferramentas de cobre. Rochas de calcário mais fino, usadas para dar brilho à
pirâmide, vinham da região próxima de Tura.
O
faraó escolheu granito para decorar a câmara do rei, onde ele foi sepultado.
Como a pedra não era encontrada na região, os blocos vinham de até 800
quilômetros de distância, da pedreira de Assuã, em barcos pelo rio Nilo. Os
pesadíssimos blocos, alguns com até 80 toneladas, também revestiam as câmaras e
os corredores internos.
Para
alguns pesquisadores, a análise da taxa de minerais presentes em partes dos
blocos da pirâmide mostra que pode ter sido usado um tipo de concreto primitivo
tanto na parte externa quanto na interna. Se a teoria for verdade, essa terá
sido a primeira aplicação de concreto de que se tem notícia - antes disso, os
pioneiros eram os romanos.
A
proeza de transportar os blocos gigantes é tão complexa que até hoje não existe
consenso. Isso pode ter sido feito com cordas; com uma espécie de trenó de
troncos de madeira cilíndricos, sobre os quais as pedras deslizavam; ou com a
ajuda de tafla, um tipo de barro que, molhado, fica escorregadio e ajuda a
deslizar os blocos. Depois de assentados, os blocos eram cortados em um ângulo
de 51º, o que deixava a face da pirâmide lisa.