Um
sítio arqueológico pode ser descoberto por acaso (por exemplo, durante uma obra
pública) ou por meio de análises topográficas e cartográficas, fotografias
aéreas, detectores eletromagnéticos ou outros métodos geocientíficos.
A
área costuma ser explorada por equipes que vão desde três a 80 pessoas,
dependendo da extensão e da verba do projeto. O trabalho não costuma ter
duração definida – para driblar o sol forte e a chuva, por exemplo, alguns
sítios são analisados só em alguns meses do ano, ao longo de vários anos.
Antes
de iniciar a escavação propriamente dita, deve-se limpar o terreno, extraindo
plantas e pedras, e nivelá-lo. Depois, são utilizadas estacas para delimitar a
área, que pode variar bastante – em geral, entre 900 e 1,2 mil m².
Em seguida, vem a sondagem, quando os
arqueólogos procuram, na superfície, alguma evidência de ocupação humana. Por
exemplo, cacos de cerâmica e artefatos líticos (feitos de pedra), como
machadinhas, facas e talhadores.
Nesta
fase, a escavação não vai além dos 5 cm de profundidade, e é feita com colheres
de pedreiro comuns. Os achados
determinam o “potencial” de certas áreas.
O
terreno é então dividido em quadrados (geralmente, com 1 m de lado). Assim,
fica mais fácil catalogar em que lugar cada peça foi encontrada. Cada quadrante
é responsabilidade de um arqueólogo (aluno ou professor-pesquisador), que
trabalha sob supervisão de um coordenador – o mais experiente da equipe.
Além
das colheres de pedreiro, são usadas outras ferramentas leves, como espátulas.
Eles também levam pá, peneira e balde porque toda terra retirada é peneirada e
reservada. O solo é cortado em camadas muito finas (de 10 ou 20 cm, em média)
para que nenhum material seja destruído. Outra opção é escavar até que se notem
mudanças no tipo de terra encontrado, respeitando as camadas naturais do solo.
Todos
os quadrados são aprofundados sempre até o mesmo nível. Quando um material
arqueológico enfim é encontrado, os profissionais fazem um minucioso trabalho
chamado decapagem. Eles limpam o objeto delicadamente com pincéis, depois tiram
fotos em vários ângulos e/ou o desenham numa escala, medindo altura, largura e
profundidade.
Só
então a relíquia é retirada do solo, acondicionada em um saco plástico,
etiquetada, catalogada e enviada a um laboratório. Lá, será feita a datação
(definição da “idade”), medindo a quantidade de carbono-14 presente: quanto
menos o objeto tiver, mais antigo é. Em média, um mês de trabalho de campo
rende material para um ano de pesquisa em laboratório.
Terminada
a escavação, o sítio é coberto com lona ou brita. A terra retirada é devolvida
sobre o local escavado. Isso serve para que, no futuro, outros estudiosos
possam identificar se a área já foi alterada por intervenções arqueológicas.
Todo o material colhido passa a pertencer à União, sob curadoria do Iphan
(Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional).
Algumas
equipes contam com engenheiros, arquitetos, geólogos, bioantropólogos,
antracólogos e botânicos para contextualizar as descobertas.
A
profundidade do sítio varia bastante – há locais na França onde as escavações
avançam só 10 cm por ano!
O Sítio arqueológico mais famoso do país fica no
estado do Piauí
Escavada
de 1978 a 1988, a Toca do Boqueirão da Pedra Furada ajudou a reconstruir a
história da presença do homem na região desde cerca de 60 mil até 6 mil anos
atrás. É a mais completa estratigrafia (identificação de características
distintas das ocupações humanas no solo) encontrada até hoje nas Américas.
Outros
sítios importantes no mundo são os de Sima de los Huesos (Espanha), Monte Verde
(Chile), Yucatán (México) e Ilha de Páscoa.
FORLIN,
Gabriela. Como é feita uma escavação arqueológica?Disponível em: http://mundoestranho.abril.com.br/materia/como-e-feita-uma-escavacao-arqueologica.
Acesso em 19 fev. 2013.
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